:: Somos todos nazarenos
Guardem este símbolo:
É a letra "num", a décima quarta do alfabeto árabe, e
que inicia a palavra "nazara" (نصارى), isto é,
"nazarenos" (cristãos). Ela está sendo pintada por muçulmanos membros
do ISIS (Islamic State of Iraq and Syria) nas casas de cristãos de Mossul (a antiga Nínive), no
Iraque, a fim de marcá-los para a morte, conversão
forçada ou pagamento de uma taxa. A comunidade cristã de Mossul é uma das mais
antigas do mundo com existência contínua.
Foto de uma casa marcada:
Em total solidariedade aos cristãos do Iraque que são perseguidos
e, caso não se convertam ao islamismo ou não paguem a ajizya 1, são martirizados sumariamente, elevamos nossas
orações para que o Senhor da Paz os preserve até o fim. Por isso mesmo, tal
como o Revmº Justin Welby, Arcebispo de Cantuária, fez nesta sexta-feira pelo twitter, unimo-nos no mesmo espírito em prol de nossos irmãos no Iraque
― chamados pelos radicais islâmicos pejorativamente de
“nazarenos”, isto é, cristãos ― nos identificando até o dia da Transfiguração
de Nosso Senhor (6 de agosto) com o mesmo símbolo imposto pelos
radicais do ISIS mediante a letra “num” do alfabeto árabe. #SomosTodosNazarenos
ou, como disse o Arcebispo Welby, #SomosTodosN.
Os radicais islamitas também puseram fogo na
casa do arcebispo romano da cidade e no mês passado (junho/2014) já tinham
lançado mísseis numa igreja no noroeste de Mossul:
A mais recente investida dos radicais do Estado
Islâmico foi numa igreja de 1800 anos (que
ainda não podemos afirmar se é católica romana, assíria, ou síria ortodoxa),
como é possível ver aqui:
Essa situação nos leva a reflexões as mais variadas, das quais destacaremos três sobre cujos pontos lançaremos nosso olhar pró-direitos humanos:
I) A importância do conceito de liberdade religiosa em meio à diversidade sócio-cultural e a necessidade de diálogo 2.
II) O
caráter violento de toda radicalidade, de toda religião que não religa e opta
por se tornar “poder visível na Terra”: o islã (que, dependendo do lugar, só é
moderado por inflexões político-culturais) é só “mais um” entre tantos outros
segmentos religiosos suscetíveis de se tornar corrompido pela maldade dos seres
humanos.
III) A
"inocência primeva" dos que defenderam a derrubada de alguns governos
laicos por parte de países ocidentais sobre a justificativa de "levar a
democracia"; contudo, sem buscar nos acordos com as diversas correntes
políticas (e até mesmo étnicas) uma costura que, mesmo em meio à complexidade
de solução, apontasse novos caminhos a médio ou longo prazos.
R. P. (Movimento Episcopaz)
Fotos: The Assyrian Voice e The Shia Post
Notas:
1 Na lei islâmica clássica existe um contrato que
regula a relação entre os cristãos (e também os judeus) e a comunidade
maometana (ou umma). Esse contrato, chamado de dhimma,
permite que os cristãos residam numa área islâmica, com certa autonomia
interna, em troca do pagamento de uma taxa (ajizya) e da
submissão a várias restrições legais e sociais (como chamar a atenção durante
seus cultos, construir novas igrejas, etc.). O dhimma foi uma maneira encontrada por
antigos governantes muçulmanos para manter os cristãos quietos e incentivar as
conversões. Ela só é concedida aos cristãos e judeus pelo fato dos maometanos
considerarem que essas religiões são guardiãs de parcelas da revelação, e,
portanto, merecerem certa proteção e autonomia comunal.
2 Os desafios do enfrentamento da liberdade religiosa
face à diversidade e o avanço da secularização como fenômeno são matéria de uma
reportagem interessante do Instituto Unisinos, intitulada: Pluralismo religioso: entre a diversidade e aliberdade. Entrevista especial com Wagner Lopes Sanchez
Comentários
Postar um comentário
Semeie seu comentário aqui: