:: Sobre o racismo no futebol


"O futebol começou no Brasil com os brancos, em clubes de elite. Sobrava aos negros as bolas de meia ou de qualquer material que se arredondasse, nos campinhos e nas ruas, nas margens. E foram nestas sobras que se agigantaram, subverteram o futebol dos ingleses, criaram uma poética. Demoraram a ser primeiro recebidos pelas portas dos fundos, depois tolerados e por fim aceitos e aclamados. Mas a tensão persiste apesar das décadas. Expressa-se como um corte no momento em que, seja na arquibancada ou na arena de vale-tudo das redes sociais, um jogador negro é chamado de “macaco”.

Então, por um rasgo no tempo, lembramos que o racismo ainda é uma marca terrível, escavando abismos na sociedade brasileira. Abismos que também se desvelam na brancura da torcida dentro dos estádios da Copa, contrastando com os negros que recolhem as latinhas na parte externa, restos de uma festa em que sobram nas margens. Ou limitam-se a assistir ao desfile da elite de seu país pelos portões das “arenas”, reafirmando o seu lugar no lado de fora."

Trecho do artigo de Eliane Brum, publicado em 07/07/2014 no periódico El País, intitulado "Sobre Zúñiga, Neymar e “macacos” - Os xingamentos ao colombiano que tirou da Copa a estrela da seleção revelam o Brasil em que a abolição da escravatura jamais foi completada".

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