Defendendo a dignidade de todas as pessoas: bênçãos para casais de mesmo sexo e o valor do voto batismal

Pelo bem do Evangelho como alicerce na vida da Igreja, nos animamos a dizer que não apenas queremos mas já somos uma Igreja que Acolhe e Serve, razão pela qual reconhecemos o “sensus fidelium” fruto da última CONFELIDER em prol dos Direitos Humanos e do Direito à plena cidadania.

Pela coerência e verdade com as promessas que fazemos diante do altar na renovação dos votos batismais, em nossa confirmação:

“Defenderás a justiça e a paz para todos, respeitando a dignidade de todo ser humano” (Livro de Oração Comum, pág. 179)

Apresentamos a todos os nossos confrades, amigos e aliados a íntegra do Manifesto do Movimento Episcopaz, aprovado no seu último encontro público, 10/11/2013:

MANIFESTO DO MOVIMENTO EPISCOPAZ

 

Cientes de que a Igreja de Cristo, é Una, Santa, Católica e Apostólica, existe como sinal visível do reino de Deus, como Casa e Família de Deus, formada por todos aqueles que no mundo inteiro professam a fé Naquele que tudo pode e é antes de todas as coisas, Deus Trino, Pai, Filho e Espírito Santo, que criou todas as coisas e tudo o que criou é bom, inclusive a sexualidade, que é tão diversa quanto a própria vida que nos é entregue como dom para o nosso bem e de todos ao nosso redor. 

Cientes de que, como partes do mesmo Corpo, que é a Igreja, da qual Cristo é Seu Senhor, defendemos a vida e a dignidade que ela carrega, sem exceção, sem ninguém posto à margem, cremos que a Graça de Deus nos torna Um só, ainda que muitos e diversos, de modo que “já não há mais judeu nem grego, homem ou mulher” (Gálatas 3,28), e que tal Unidade é dom de Deus, bem como a diversidade de sua Criação. 

Cientes de que Jesus é nossa Verdade e como Ele tratou a vida, os pobres, os ricos, os doentes, os párias, os excluídos, os esquecidos, os publicanos, as meretrizes, tudo e todos, é, na verdade, a certeza de que Ele viveu cheio de amor e graça e que tal comportamento denuncia a atitude que também devemos ter na dinâmica de nossa própria existência, manifestamos nossa total concordância com a aprovação do rito para celebração de bênçãos aos casais de mesmo sexo que tenham contraído o casamento, se assim o desejarem as noivas e os noivos, sendo esta apenas um desdobramento natural do que já assegura o ordenamento jurídico pátrio por meio de decisão unânime da Suprema Corte, que reconheceu a inconstitucionalidade da distinção de tratamento às uniões estáveis por pessoas de mesmo sexo, inclusive do Superior Tribunal de Justiça e do Conselho Nacional de Justiça, que proíbem quaisquer óbices à habilitação e celebração de casamento entre pessoas do mesmo sexo, decisões acatadas por toda instituição juridicamente válida; cientes, por fim, que a devida adequação da Constituição da Igreja, que diz que ela “é parte da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica de Cristo, estabelecida no Brasil por prazo indeterminado, em conformidade com as leis do país” às normas no contexto de nossas transformações e evoluções sociais é urgente e necessária, para o bem de todos aqueles e aquelas que dela fazem parte como também daqueles e daquelas que, por chamado de Cristo, dela também farão parte. 

Rio de Janeiro, 10 de novembro de 2013.