:: Não é um negócio, mas a catraca tá liberada para quem crer!


Não se trata aqui de fazer propaganda do que acontece em “outras praias” que não as nossas brasileiras. A questão está para além das fronteiras. Em que pesem realidades diferentes da nossa, um fato nos chamou a atenção: no mesmo dia que o sínodo dos irmãos romanos resolveu retirar do relatório final aberturas da igreja a homoafetivos e divorciados, num outro canto do planeta uma diocese se manifestou oficialmente favorável não apenas a entrada, como já acontece há bastante tempo nas igrejas episcopais norte-americanas, mas ao casamento igualitário de seus paroquianos homoafetivos. Trata-se da diocese episcopal do Arizona, que se pronunciou após a suprema corte daquele estado considerar inconstitucional fazer acepção de pessoas, de modo que casamentos igualitários passam a ser perfeitamente legais.

Dom Kirk Smith, Bispo da Diocese de Arizona, aproveitou a decisão judicial em última instância pelo Tribunal da 9ª Circunscrição de Apelações e usou os canais diocesanos para anunciar que casamentos do mesmo sexo poderão ser celebrados nas igrejas episcopais no Arizona.

Bispo Smith afirmou: "Lembramo-nos hoje da primeira carta de João, quando diz: "amai-vos uns aos outros, porque o amor vem de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus." E continuou sua declaração dizendo: "É nossa prática o estudo das Sagradas Escrituras, a Tradição cristã e a contínua liderança e frutificação do Espírito Santo na vida do povo de Deus. Através desse processo chegamos a uma apreciação profunda das palavras de São Paulo aos Gálatas, "não há mais escravo nem livre, homem ou mulher; pois todos vós sois um em Cristo Jesus."

"Hoje é um dia de contentamento", proclamou o bispo Smith. "Cada um de nós tem visto a mão firme e o profundo amor de Deus na vida dos fieis que são casais do mesmo sexo em nossas congregações. É imperativo que estejamos hoje proclamando a verdade sobre a obra de Deus que temos visto aqui no Arizona. Como disse o antigo Bispo Primaz [da igreja episcopal norte-americana], Dom Edmond Browning em 1986: "não haverá párias nesta igreja."

Por conta desse “ethos de inclusão” que nós, episcopais anglicanos tanto gostamos de reafirmar, cabe aqui a reflexão para não cairmos na tentação de "cobrar" para que pessoas tenham livre acesso ao Deus de Amor. Toda vez que impomos condições estamos, na verdade, cobrando ingresso. Neste sentido, consideramos que há barganhas a fazer... Todas as vezes que temermos o que os outros vão pensar de nós, na verdade, estamos buscando mecanismos para continuar barganhando com Deus. 

Minha gente, Deus não é uma ideologia político-religiosa. Deus não faz barganha com ninguém nem com seu Santo Evangelho, o qual nos chama a todos sem fazer distinção de pessoas. Deus nos convida a desconstruirmos ideias supostamente espirituais de que Ele favorece alguns em razão de comportamentos, sexualidade, lá o que seja. 

É chegada a hora do amadurecimento da fé e de nos posicionarmos, de fato, em prol do amor Daquele que nos acolheu a todos incondicionalmente. Só se irrita e se levanta contra isso quem ainda vê Deus como negócio, como patrão, como recompensador de boa obra... se fosse por boa obra, se fosse por sexualidade ou qualquer condicionante ou tentativa de barganhar com Ele, ensina-nos o apóstolo São Paulo , já não seria mais Graça!

A catraca foi liberada pela força do grito exclamado da Cruz: "Está consumado!"

Anunciemos Cristo. Vivamos Cristo. Deixemos Deus ser Deus, sem ideologias de controle e poder, liberando portas, catracas e todos os entraves para que não haja párias em nossa igreja.

Pense sobre isto!

R. P.
21/10/2014
Movimento Episcopaz
Anglicanos Pró-diversidade & Pela Paz

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