:: Em dias de Jair... 190, ajude-me!
Um tal de Jair, que está de ego inflado por ter sido o campeão (leiam de novo, não foi engano: campeão) de votos para a Câmara Federal pelo Rio de Janeiro, está falando cada coisa ultimamente que nem sei se ele é psiquiatricamente são. Em entrevista ao portal Terra no dia 06/10/14, reproduzido pelo Portal Forum, chamou a Comissão Nacional da Verdade de "cafetina" e seus integrantes de "sete prostitutas". Ninguém fica mais tão surpreso assim; afinal, o tal senhor quer que as atrocidades no período que ele mais amou (a ditadura militar) permaneçam sem esclarecimento e punição; que eu e você paguemos caro pela internet (porque ele é contra o marco civil); que só brancos e uns poucos negros entrem para as universidades (já que é contra as quotas, sejam onde for) e que parlamentares tenham cada vez mais conforto (ele é contra qualquer corte na verba parlamentar, de terno a uso de carros oficiais).
De propósito não mencionei outras causas que o tal Jair defende. Vou poupar a você e a mim mesmo disso, pois é humilhante demais para nossa Democracia.
Tudo
isso, porém, me entristece apenas por um fato: o meu Rio de Janeiro parece
estar majoritariamente mais reacionário e na contramão dos direitos civis, pois
fez deste senhor o campeão de votos. Não estou fazendo comparações, mas diante
das atrocidades que Jair já disse é como se mais de 460 mil moradores do Rio de
Janeiro aplaudissem para que outros tantos Amarildos sejam torturados dentro
das UPPs e seus corpos sumam; para que mendigos, doentes usuários de drogas e
favelados sejam levados para bem longe "das famílias de bem, educadas e
com boa estirpe"... Para onde? Só Deus sabe...
Fico
aqui pensando se Jesus vivesse nesses dias tão nebulosos que fazem de Jair
Bolsonaro um campeão de votos, como já teriam-no matado a sangue-frio,
carbonizado seu corpo em algum matagal e possivelmente espancado Santa Maria,
sua mãe, que não se separava dele, até que se escondesse na casa de familiares
(Santa Isabel, sua prima, de repente) ou fosse socorrida por alguma ONG de
proteção a vítimas da violência...
Fico aqui pensando como eles ("ele" são "eles" e são mais de 460 mil eleitores) dizem louvar a Jesus Cristo em sua maioria, se de fato Jesus foi tudo o que eles odeiam e querem varridos do mundo?
Ninguém precisa ser teólogo — basta querer ser honesto e abrir mão da visão romântica dos evangelhos — para saber que Jesus andava com gente de má fama, pobres, favelados, abraçava leprosos, comia e bebia com essa gente, passava dias em suas casas, era maltrapilho e acredito que não usava sequer os cremes e os desodorantes da Avon nem da Jequiti. Ou seja, devia ser bem fedidozinho. Um Cristo sujo, fedido, amigo de gente imoral e oriundo da mais proletária das tribos de Israel: era um Nazareno, um habitante de Paraisópolis em SP, de Luziânia no DF, da Pedreira em Beagá, do Batan lá na zona oeste do Rio, da Cidade de Deus e de onde você imaginar que é terra de gente esquecida pelo Estado... Jesus, mas Jesus de verdade, era assim (ou é assim, se eu resolver acreditar que São Mateus estava certo quando narrou o Cristo dizendo que quem mata a fome de um faminto está, na verdade, alimentando-o; ou que quem veste um nu ou acolhe um necessitado, na verdade, está vestindo e cuidando do Maltrapilho de Nazaré).
Acerta quem diz que Cristo em nossos dias não precisaria pegar um teleférico, como os do Morro do Alemão que o PAC de Dilma construiu, e chegar até o Monte Calvário ao encontro da Cruz... Precisaria de asilo político. Os mais de 460 mil tipos de Jair Bolsonaros estão à solta pelo Rio. — Alô, é do 190? Salvem-me, sou do bonde de Cristo!
Ricardo Pinheiro
Movimento Episcopaz — Anglicanos Pró-diversidade & pela paz
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