:: Quando a luta pela vida também é marca do Evangelho
- A história comovente do jovem Stephen Sutton
Stephen, abril/2014
Algumas pessoas não morrem, jamais. Sua luta
por si mesmo ou tentando, de alguma maneira, fazer dela a energia para o bem
comum, são sempre desafios inspiradores para nossa fragilidade humana. Sim, não
nos esqueçamos que somos seres humanos. Mas, por outro lado, não nos esqueçamos
também que a vida é feita de decisões. O que fazemos dela e como “mostamos
Deus” através dela acaba sendo a razão que nos aponta o que nos move a ser e a
existir.
O testemunho do Evangelho não é um exercício
de regrinhas religiosas que as pessoas “precisam” ver ou tomar conhecimento.
Não é nada disso. Dizer que o Evangelho é uma regra ou um conjunto de regras
religiosas é a mesma coisa que dizer que Deus tem uma religião, fundou uma
igreja e deseja que todos se tornem sócios dela. Isso não é apenas ridículo,
mas absurdo. É uma blasfêmia, pois diminui intencionalmente a própria imagem do
Criador, que é Senhor e Soberano sobre todas as coisas. Deus não precisa de
nada. Deus merece!
São muitos os discípulos do Bem de Deus,
ainda que nem todos estes discípulos sejam percebidos como sendo de sua ou da
nossa “religião”, ou, ainda, não tendo religião alguma, mas carregando a força
da fé, que os faz acreditar que nada é em vão e que o sentido de viver pode
estar para além da compreensão, por isso não desistem... ainda que partam e
deixem conosco a Presença do Exemplo.
Eis a história de Stephen, o adolescente britânico que faleceu ontem, aos 19 anos de idade, mas escreveu um diário on line pelo seu facebook que era acompanhado por milhares de pessoas.
Eis a história de Stephen, o adolescente britânico que faleceu ontem, aos 19 anos de idade, mas escreveu um diário on line pelo seu facebook que era acompanhado por milhares de pessoas.
Diário de Stephen, 8 de maio de 2014
Fui diagnosticado com câncer de intestino em
setembro de 2010. Acabei tendo períodos de recaída, antes os médicos
eventualmente descreveram minha doença como incurável em novembro de 2012.
Durante todo este tempo que tenho já passei por todos os tipos de tratamentos
(cirurgia, quimioterapia, radioterapia, etc.) que me ajudaram não só cuidar mas
também prolongar a minha vida. A propagação da doença desde tem sido constante
e bastante singular. Eu, na verdade, me vejo como um cara de muita sorte,
apesar de ter alguma coisa em mim incurável... por um tempo já tive períodos
sustentados com boa saúde, onde eu conseguia dar voltas, sair e aproveitar as
coisas que jovens fazem (confira um pouco minha história aqui).
A
recuperação que tive é alguma coisa assim muito milagrosa. Eu mal posso
acreditar. Era realmente pra ficar entrando e saindo várias vezes, em diversas
ocasiões, mas de alguma forma eu consegui ficar aqui. Depois de tossir um tumor
(que eu vou admitir que soa como algo completamente improvável!),
sintomaticamente e clinicamente tô me sentindo muito saudável - e não há
nenhuma razão que não me deixe continuar [me sentindo assim] por um tempo.
Por
quanto tempo, não sabemos. Vou me encontrar com meu professor na próxima
sexta-feira, onde vamos ter um bate-papo bem bacana sobre toda essa situação e
meus planos para o futuro.
Por
fim o que posso dizer é que não há nenhuma solução milagrosa para mim. Potencialmente
sou a pessoa mais positiva e otimista do mundo, mas temos que ser realistas com
o que estamos enfrentando. Minha doença está muito avançada e tem vezes que
parece me pegar de jeito, mas vou tentar de todas as formas [por mais] maldito
e difícil que seja ficar aqui o maior tempo possível. Eu não morri ainda, a
jornada continua, então acho que precisam um pouco mais de mim [por aqui].
Diário de Stephen, 14 de maio de 2014
Meu
coração está explodindo de orgulho, mas também está rompendo com tanta dor por
saber que o meu mais corajoso, altruísta e inspirador filho faleceu
tranquilamente durante o sono nas primeiras horas desta quarta-feira, 14 de
maio, logo pela manhã. Todo esse contínuo apoio e essa efusão de amor pelo
Stephen nos ajudará muito neste momento difícil, da mesma forma como ajudou
Stephen ao longo de toda sua jornada. Todos sabemos que ele nunca será
esquecido, seu espírito viverá, em tudo o que ele alcançou e compartilhou com
muitos.
Com
amor,
A
mãe dele.
NOTAS:
Para saber mais, clique aqui.
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Texto
de introdução e tradução por Ricardo Pinheiro
Imagens por Facebook, The Mirror
Este blogue é uma publicação virtual do Movimento Episcopaz - Anglicanos pró-diversidade & pela paz, uma pastoral de direitos humanos ligada à Paróquia da Santíssima Trindade (Igreja Episcopal Anglicana do Brasil), no Méier, Rio de Janeiro.
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