:: F i n a l - d o s - t e m p o s


Estamos coando mosquitinhos enquanto engolimos camelos... Interessante que Jesus ironizou aqueles que viviam perseguindo quem apenas queria viver com liberdade o seu amor por Deus. Os donos das "fôrmas" não admitiam liberdade senão a que acorrentava na sua maneira de interpretar as coisas e de lhes manter agarrados ao poder. Até hoje é assim. Senão, vejamos: tantos pecados sendo cometidos por aí (ah, sim, pecar é ERRAR o alvo do amor, isto é, realizar tudo aquilo que atenta contra a vida, a dignidade, a justiça e a verdade do próximo e, obviamente, por conseguinte, a Deus que deseja ser visto no próximo, assegura-nos São João em suas epístolas!), tais como assassinatos sem medida, miséria e má distribuição de renda, exploração sexual de crianças (às vezes, pelos próprios progenitores), sequestros, corrupção, desvios de verbas públicas, favorecimentos ilícitos, bullying e tantos tipos de violência e diminuição do próximo, e não poucos religiosos e pessoas sob forte influência do pensamento fundamentalista religioso ainda menosprezam o direito de outras pessoas pensarem diferente, a ponto de mobilizar bancadas nas câmaras de vereadores, nas assembleias legislativas dos estados e no Congresso Nacional para impedir que outras maneiras de compreender a vida, as relações consigo e com a sociedade sejam legitimadas numa tentativa afrontosa contra a laicidade constitucional da Nação. Do ponto de vista religioso, os impedimentos tentam atingir o direito de minorias nas muitas marchas religiosas, nos discursos e nas pregações inflamadas, nas aulas de catequese forçando um único ponto de vista (a chamada "verdade absoluta"), etc. 

É costume dizer-se que à vista do amadurecimento da consciência coletiva, plural e aberta a todas as formas legítimas de se construir alguma coisa que valha a pena os conservadores e os fundamentalistas extremistas digam que vivemos todos no "final dos tempos". E tudo isso porque o "status quo" é tudo o que querem. O novo, o diferente e o livre das fôrmas assusta e os incomoda. Estão despreparados para a coexistência em razão do que creem para eles mesmos e que, segundo esperam, deveria ser a fé dos demais. 

Assim como o Direito evolui e se amplia conforme o amadurecimento das relações sociais, as ferramentas que nos levam à exegese também deveriam nos lançar para a compreensão que alguns escritos nasceram de um contexto social, político e religioso. São testemunhos significativos de como no passado algumas pessoas caminharam na fé, dentro de suas limitações históricas. Servem-nos como encorajamento. Verdade é uma só e Ele, Jesus, a Verdade para nós cristãos, não divide sua glória com ninguém!


Daí, contrariando a corrente que parece crescer em dias tão férteis do recrudescimento do fundamentalismo (basta ver quem foram os campeões de votos em outubro de 2014), consideramos a bem-vinda existência de muitos "pontinhos de luz", ambientes libertos na consciência de sua Missão para realizar o bem sem ver a quem (ou, na linguagem bíblica, sem que uma mão não saiba a respeito do que a outra fez), acolhendo e incluindo em amor todas as pessoas. Para não falar da comunidade sede do Movimento Episcopaz, na Diocese Anglicana do Rio de Janeiro, nem a respeito das comunidades que integram a Rede Anglicana Pró Diversidade e Pela Paz, exemplificamos com a paróquia de Todos os Santos, no Brooklyn (NYC).

Bom que se alerte que inclusão sob a perspectiva episcopal (anglicana) não é exclusividade de grupos, mas a doce mistura de todos, das crianças aos anciãos, respeitando-lhes e respeitando seus direitos. Assim, compreendemos que ninguém cresce despreparado para a coexistência pacífica onde há amor sendo pregado/ensinado. Proclamamos que ninguém se torna machista, misógino, homofóbico, xenófobo ou lá o que seja onde a Palavra Encarnada esteja sendo ministrada tendo Jesus como a Chave Hermenêutica para se entender toda a Escritura. 


Amor é respeito, dizem os mais antigos. Não há porque duvidar da sabedoria deles. No amor, que é respeito, cabem aqui os muitos louvores a Deus porque seja no bairro do Brooklyn, na cidade de Nova York, no bairro do Méier, na cidade do Rio de Janeiro, ou onde houver Evangelho sendo anunciado livre das amarras da lei podemos crer no amanhã sem temer o final dos tempos! 





R. P.
25/01/2015

Imagens: All Saints Episcopal Church (Brooklyn)/facebook.

Comentários

Postagens mais visitadas