Pra que tumultuar se Cristo é Senhor de todos? ::..
:: Pequena consideração sobre a tal “ideologia de gênero” ::
De início, contrariando o que alguns possam pensar, bom que se afirme de forma credal que Cristo é Senhor de todx (todos e todas), sejam pessoas, anjos, potestades, não importa. O Senhor reina e governa absoluto sobre os Tempos, as Eras, os Mundos, o ou os Universos, os lugares mais elevados e as profundezas mais escuras. É Senhor de tudo e todos, creiamos ou não. Sem Cristo, como afirma São João, "nada do que foi feito se fez". Este preâmbulo é proposital, serve para marcar dois fatos incontestáveis: I - Quem ama conhece Deus; II - Quem não ama não conhece Deus (cfr. 1ª epístola de São João).
Continuando...
Não, não se preocupem. Não vamos polemizar nada nem nos aprofundar sobre tema tão delicado. Ultimamente temos visto ferrenhos debates pró e contra a então chamada "ideologia de gênero" em pauta no projeto do Plano Nacional de Educação 1. Infelizmente, alguns setores ligados a religiões (cristãs) tentam reduzir o debate a um chavão: “pela família, diga não à ideologia de gênero”.
Não adentrarei aqui no significado que emprestaram a tal ideologia de gênero. Há muito terror misturado aos verdadeiros ingredientes. Para piorar, resolveram "diminuir" a discussão tão necessária para as bases de nossa Educação (com "E" maiúsculo) com argumentos absolutamente religiosos dentro de um Estado que, até onde se saiba, é constitucionalmente laico. Infelizmente, setores religiosos tentam polarizar a questão para “aqueles a favor da família” e “aqueles querendo destruir a família”. Pra que isso? Não seria perversidade o reducionismo de um debate que deveria ser pedagogicamente mais profundo e sem ‘forçação’ de barra alguma?
Continuando...
Não, não se preocupem. Não vamos polemizar nada nem nos aprofundar sobre tema tão delicado. Ultimamente temos visto ferrenhos debates pró e contra a então chamada "ideologia de gênero" em pauta no projeto do Plano Nacional de Educação 1. Infelizmente, alguns setores ligados a religiões (cristãs) tentam reduzir o debate a um chavão: “pela família, diga não à ideologia de gênero”.
Não adentrarei aqui no significado que emprestaram a tal ideologia de gênero. Há muito terror misturado aos verdadeiros ingredientes. Para piorar, resolveram "diminuir" a discussão tão necessária para as bases de nossa Educação (com "E" maiúsculo) com argumentos absolutamente religiosos dentro de um Estado que, até onde se saiba, é constitucionalmente laico. Infelizmente, setores religiosos tentam polarizar a questão para “aqueles a favor da família” e “aqueles querendo destruir a família”. Pra que isso? Não seria perversidade o reducionismo de um debate que deveria ser pedagogicamente mais profundo e sem ‘forçação’ de barra alguma?
A
experiência na vida demonstra que, na prática, existem inúmeras famílias com outras
configurações que não a tradicional (pai, mãe e filhos). Sem querer ferir consciências, estranho notar que não se vê apresentação
de argumentos (daqueles que polarizam a questão apontando como diabos “aqueles
querendo destruir a família”) a partir de dados empíricos e não por suposições. Essa história de destruição da família não é pegar pesado, não? A História está aí para nos rememorar que um dia fizeram isso quando as mulheres conquistaram direito ao voto, a cargos eletivos, a lugares nas Forças Armadas... e se você for anglicano se lembrará até dos argumentos contrários quando dos Sínodos (foram vários) até que se aplainassem consciências quanto à ordenação das mulheres.
Pra que,
então, forçar e singularizar o discurso e não apenas apontar os caminhos (o
plural é proposital, pois falamos de pessoas, indivíduos, seres humanos)? É acaso uma proposta perigosa a que proponho? Por que razão?
O assunto se tornou polêmico porque gente sem Deus (mas com títulos religiosos, veja só!) resolveu mentir e alardear que há grupos inimigos da família, querendo seduzir a mídia e as crianças e os jovens em geral com uma espécie de proposta "seja gay porque é legal". Só esqueceram de complementar: só vai levar uma lampadada fluorescente na cara quando estiver pela rua (pra pegar bem, mas bem leve) ou assistir ao padre ou ao pastor que você tanto gosta dizendo que você não terá amizade com Deus (afinal, Deus é tão Deus que existe para concordar com o que nós criamos por conta própria). Eu particularmente tenho pena desse Deus... sim, como cristão, confesso estar penalizado com esse Deus-ídolo-fundamentalista que criaram. Dá dó!
Destacamos alguns que se levantam em favor de que a educação gere conhecimento e tal conhecimento não seja impedido por razões religiosas:
UNE - União Nacional dos Estudantes
União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES)
Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE)
Conferência Nacional da Educação (Conae)
Conselho Universitário da Universidade de São Paulo (USP)
FENAPAE - Federação Nacional das APAEs
Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil
Conselho Federal de Serviço SocialCentral Única dos Trabalhadores (CUT)
Federação de Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras (FASUBRA)
Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST)
Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica e Profissional (SINASEFE)
União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME)
Então, cabe aqui a pergunta: pra que, em grande parte, líderes religiosos buscam aterrorizar seus seguidores para que lhes apoiem ou humanistas e liberais buscam encarcerar os contrários como “retrógrados”? Não há chance para a liberdade de pensar por si mesmo(a)? Está sepultada de vez a luz do cartesiano “penso, logo existo”? Como lido no sítio da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil), em artigo publicado por um recente cardeal, “segundo os defensores da ideologia de gênero essas construções sociais opressivas só serviram até hoje para minimizar a mulher frente aos homens. Seria necessário conscientizá-las de que a sua vida de casa, cozinha e criança não tem mais sentido, essa conscientização levaria a mulher a entender o quanto é explorada e enganada pelo modelo patriarcal de sociedade em que vivemos. Uma vez liberta, ela poderia optar por reconstruir-se do modo que bem entender.”.
O assunto se tornou polêmico porque gente sem Deus (mas com títulos religiosos, veja só!) resolveu mentir e alardear que há grupos inimigos da família, querendo seduzir a mídia e as crianças e os jovens em geral com uma espécie de proposta "seja gay porque é legal". Só esqueceram de complementar: só vai levar uma lampadada fluorescente na cara quando estiver pela rua (pra pegar bem, mas bem leve) ou assistir ao padre ou ao pastor que você tanto gosta dizendo que você não terá amizade com Deus (afinal, Deus é tão Deus que existe para concordar com o que nós criamos por conta própria). Eu particularmente tenho pena desse Deus... sim, como cristão, confesso estar penalizado com esse Deus-ídolo-fundamentalista que criaram. Dá dó!
Na
assembleia realizada no dia 24/03/2014, na sede da Arquidiocese do Rio, a União dos Juristas Católicos do Rio de Janeiro (UJURCAT-RJ) se posicionou, por
unanimidade, contrária a inserção do termo ‘gênero’ e da expressão ‘orientação
sexual’ como princípio e/ou diretriz do Plano Nacional de Educação - PNE. O
arcebispo do Rio, cardeal Orani João Tempesta, presidiu a Santa Missa de
abertura e participou de todo o encontro da UJURCAT. Na homilia disse: “vê-se,
portanto, quão arbitrária, antinatural e anticristã é a ideologia de gênero
contida no Plano Nacional de Educação (PNE) e que por essa razão merece a sadia
reação dos cristãos e de todas as pessoas de boa vontade”. Alto lá! Todas as pessoas de
boa vontade, não. Há seres pensantes na Terra, graças a Deus!
Destacamos alguns que se levantam em favor de que a educação gere conhecimento e tal conhecimento não seja impedido por razões religiosas:
UNE - União Nacional dos Estudantes
União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES)
Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE)
Conferência Nacional da Educação (Conae)
Conselho Universitário da Universidade de São Paulo (USP)
FENAPAE - Federação Nacional das APAEs
Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil
Conselho Federal de Serviço SocialCentral Única dos Trabalhadores (CUT)
Federação de Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras (FASUBRA)
Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST)
Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica e Profissional (SINASEFE)
União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME)
Então, cabe aqui a pergunta: pra que, em grande parte, líderes religiosos buscam aterrorizar seus seguidores para que lhes apoiem ou humanistas e liberais buscam encarcerar os contrários como “retrógrados”? Não há chance para a liberdade de pensar por si mesmo(a)? Está sepultada de vez a luz do cartesiano “penso, logo existo”? Como lido no sítio da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil), em artigo publicado por um recente cardeal, “segundo os defensores da ideologia de gênero essas construções sociais opressivas só serviram até hoje para minimizar a mulher frente aos homens. Seria necessário conscientizá-las de que a sua vida de casa, cozinha e criança não tem mais sentido, essa conscientização levaria a mulher a entender o quanto é explorada e enganada pelo modelo patriarcal de sociedade em que vivemos. Uma vez liberta, ela poderia optar por reconstruir-se do modo que bem entender.”.
E por que a
mulher, segundo o argumento do respeitado autor, não pode se conscientizar que é muito
mais que uma reprodutora e cuidadora do lar (o mesmo se diga em relação ao
homem)? Ao perceber o século em que estamos, a fim de evitar desgastes em nossa
página (que, repito, não busca levantar um acirrado debate sobre o tema!), fica difícil pensar, ser, existir e se calar... Mas, não se preocupem, não acirraremos ânimos. De ninguém.
Já que falamos de algo que tem tudo a ver com o PNE – Plano Nacional de Educação – que tal todos nós nos esforçarmos para lutar em prol da melhoria de condições estruturais nas escolas públicas, pois é sabido que muitos jovens terminam o ensino médio como analfabetos funcionais e a maioria dos professores possui salários que estão abaixo do que deveriam receber?
Como dito pela jornalista Maira Kubik, a editora da versão brasileira do jornal Le Monde Diplomatique: “Refletir sobre o gênero significa mexer com a ordem das coisas e questionar o que aparentemente está estável. E isso incomoda. A cada vez que novos caminhos são abertos em direção a uma sociedade mais horizontal, há uma reação contrária por parte daquelxs que não querem compartilhar seus privilégios.”
Ao invés de abusarmos de técnicas para criar uma estranha sensação de “guerra santa” entre o bem (aqueles contrários à ideologia de gênero no Plano Nacional de Educação) e o mal (aqueles favoráveis à ideologia de gênero), de tentarmos induzir os leitores a ir por este ou aquele caminho, que tal deixarmos as pessoas caminharem com suas próprias pernas, refletindo e decidindo o que pensar a respeito do tema? Não somos favoráveis ao pensamento de que ‘o cristão deve agir apenas assim e assim’, mas de que o cristão deve sempre se pautar pelo viés da misericórdia, da justiça para todos (e não apenas para a maioria ou alguns) e do respeito até por quem pensa, crê e vive diferentemente de nós. Aprendamos, portanto, com o Cristo e Senhor da Igreja. Sejamos, como ensina o apóstolo, seus imitadores.
Ao
invés de papagaios sejamos cristãos que não mais precisam de “aio” porque
aprenderam a confiar em Cristo que, por sua Graça, nos faz andar com ousada fé e a ver a vida para além
de nossos muros e guetos.
Como
diz São Paulo aos Efésios, “Desperta, ó tu que dormes [não anda
com as próprias pernas/ não pensa por si mesmo], levanta-te de entre os mortos
[se não pensa, logo não existe!], e
Cristo te iluminará”.
Ilumina-te também!
Ilumina-te também!
A
favor da vida, das famílias e de um país onde as diferenças sejam motivos de
louvor a Deus e do impactante testemunho cristão de saber coexistir, naturalmente lançando "sabor de Deus" (Mt 5,13) aonde quer que estejamos,
Ricardo Pinheiro
Coordenador
do Movimento Episcopaz
Anglicanos
pró-diversidade & pela paz
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NOTA DE RODAPÉ:
1. O PNE é um projeto que estabelece uma série de obrigações em dez anos, entre elas a erradicação do analfabetismo, o oferecimento de educação em tempo integral e o aumento das vagas no ensino técnico e na educação superior.
1. O PNE é um projeto que estabelece uma série de obrigações em dez anos, entre elas a erradicação do analfabetismo, o oferecimento de educação em tempo integral e o aumento das vagas no ensino técnico e na educação superior.
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