:: Quando dois homens se casam… ::
No sábado passado fui a um
casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Pensei em escrever um texto
onde descreveria o casamento e só no final daria essa informação. Mas serei
“legal” com você, leitor. Se quiser parar de ler por aqui, facilito a sua
decisão, pois falarei sobre um casamento homoafetivo. Se seu preconceito não
lhe permite avançar, esta é a hora de parar a leitura.
Voltando à narrativa, vamos
ao casamento…
Fui convidado por um dos
noivos, Bruno, primo de minha mulher… recebemos o convite com alegria, pois só
o fato de ser convidado já nos era honroso. Sim, senti-me honrado de ser
convidado para este evento.
Chegamos ao local da
cerimônia/jantar, e a primeira alegria e surpresa foi ver a casa repleta de familiares
dos noivos. Geralmente são os que mais recriminam e abandonam aqueles que
assumem sua orientação afetiva e, as pesquisas apontam, são a causa de muitos
suicídios entre estes. Não foi o caso! As famílias estavam todas lá, para
alegria dos noivos, e para minha alegria também.
Havia também outros amigos
homossexuais. Discretos, ocupavam suas mesas sem nenhum problema e sem olhares
constrangedores. Vi um novo mundo possível! Um ambiente onde héteros e
homoafetivos compartilham dos mesmos direitos, espaços e olhares. Todos
amigáveis. Todos repletos de respeito mútuo.
Chegou a hora da
“cerimônia”, e aqui a coisa tomou ares ainda mais admiráveis.
Pais, avós e amigos deram
“testemunhos” sobre os noivos. Uma nota: a família de um dos noivos era de
tradição cristã/protestante. E os testemunhos me emocionaram. Tocaram fundo.
Um dos pais disse: “Estes meninos são homens de verdade. Venceram preconceitos e assumiram, contra tudo e todos, seu amor e desejo de compartilharem a vida.”
Outro pai afirmou: “Meu filho
me ensinou o que é amor. Só agora, depois de velho, estou aprendendo o que é
amor, respeito, dignidade.”
Aliás, as palavras que mais ouvi, acerca dos noivos, foram “integridade”, “dignidade”, “respeito”, “amor”, “bons filhos” e “amigos”.
Aliás, as palavras que mais ouvi, acerca dos noivos, foram “integridade”, “dignidade”, “respeito”, “amor”, “bons filhos” e “amigos”.
Mas, o grande momento, foi
quando a avó de um dos noivos, cristã, fez uso da palavra para a “benção das
alianças”. Afirmou, para espanto de qualquer resquício de homofobia ou
estranheza que houvesse ali, que via a mão de Deus sobre a vida dos dois.
Realçou o carinho e o amor que um nutem pelo outro, e que isso só pode vir de
Deus. Mais uma vez falou da integridade do neto e o quanto sua família
celebrava aquele momento.
Meus olhos marejaram… a
Ellen (minha mulher) já estava aos prantos. Ao redor um clima de festa e celebração
por um amor que se “oficializava”.
Sim, eu estava num
casamento.
Como posso eu condenar tal
juramento? Como posso dizer que esse amor é pervertido?
Que a integridade e a dignidade desse relacionamento sejam celebrados por todos aqueles que amam a vida e a dignidade humana.
Parabéns, Bruno e Júlio!
Vocês quebraram preconceitos! Vocês enterraram, de uma vez por todas, os meus
preconceitos pessoais! Vocês me ensinaram…
Sejam felizes!
José Barbosa Junior
Publicado originalmente no blogue Crer e Pensar
Nota da Pastoral: Gostaríamos
muitíssimo de publicar imagens de casais homoafetivos brasileiros e episcopais anglicanos
que tenham contraído matrimônio e sido abençoados em suas paróquias. Por mais que respeitemos a dignidade de todas as pessoas, algumas alterações são fundamentais nos Cânones Gerais da Igreja, sobretudo após os avanços sociais e jurídicos dos últimos anos. Aguardaremos o Sínodo Extraordinário visando esta necessária atualização. Esperamos em breve poder oferecer inúmeras imagens diante do altar em nossas paróquias. Enquanto nossos Cânones aguardam a alteração necessária para o rito de bênção matrimonial aos casais de mesmo sexo, fica o registro que não descansaremos até sua atualização.
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